PROCESSO NEGATIVO

21/09/2014 13:09

Processo Negativo

 

Freud, no texto “Algumas observações sobre o conceito de inconsciente na Psicanálise“ (FREUD, V.10 Cia das Letras), cria a seguinte imagem: o primeiro estágio da fotografia é o negativo; toda imagem fotográfica tem de passar pelo “processo negativo”, e alguns desses negativos, que superaram bem a prova, são admitidos no “processo positivo”, que conclui com a imagem.

Antes disso Freud diz no mesmo texto que: “O inconsciente é uma fase regular e inevitável dos processos que fundamentam nossa atividade psíquica; todo ato psíquico começa inconsciente e pode permanecer assim ou desenvolver-se rumo a consciência, segundo encontre resistência ou não”.

 

Tomo a imagem construída por Freud na primeira citação como metáfora da segunda citação. Tal imagem representa de maneira muito clara o modus operandi do ato psíquico, ou processamento psíquico das percepções, tanto interna quanto externa.

Assim como o primeiro estágio da fotografia é o negativo, construção que me passa a ideia de uma sombra que será revelada, tornada clara, enquanto representação por imagem, nossas percepções são grafadas no inconsciente da mesma maneira. Uma sombra que se marca, portanto inconsciente, e que será levada por forças dinâmicas, que poderemos designar como processamento psíquico, ao estágio do pré-consciente, até concluir por via da clareza da percepção que se produz, por uma ideia consciente.

Nesse percurso resistências quanto a ideia podem operar e determinar que tal sombra mantenha-se assim, como sombra e inconsciente, e a imagem fique impedida de se concluir.

Se essa construção for possível, nossas percepções, que inicialmente são grafadas inconscientemente, a depender de sua qualidade, podem se tornar pré-conscientes ou conscientes, em função do nível de poder moral e impositivo do superego, aquele que ordena o levantamento de barreiras tendo como paradigma o ideal de eu.