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Não me adaptei ao Wordpress

09/12/2017 23:33

Fiz outro blog no Wordpress, mas não me adaptei. Fiz algumas publicações por lá... estou com preguiça de repassá-las pra cá... portanto vai aqui o link: leonardolimaxblog.wordpress.com/

Quem quiser dar uma passada lá pra ver o que escrevi nesse período, fique a vontade!

De qual Brasil nós estamos falando?

19/03/2016 12:19

O Brasil, numa época não muito distante, era exclusivo. Tanto no sentido de pertencer a poucos, como no sentido de apartar, excluir partes significativas da população.

 

A exclusividade se justifica no âmbito privado. Aqueles que possuem condições financeiras superiores criam ambientes exclusivos que serão frequentados somente por aqueles que podem pagar.

 

No âmbito público, essa exclusividade é exclusão. Não pode ser tolerada, nem se quer pensada. No entanto, essa exclusão foi perpetuada na história durante muito tempo.

 

Exclusividade no âmbito privado é sinal de status. Os frequentadores desses lugares são chamados de VIP.

 

Exclusividade no âmbito público é sinal de privilégio ilegal. Seus destinatários são chamados de privilegiados.

 

Esses privilégios começaram a ser derrubados durante o governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva por incompatibilidade ideológica. Não se pretendia governar para os privilegiados, mas para toda a população brasileira, daí a alcunha de governo comunista imputado por todos aqueles que perderam seus privilégios.

 

Eu poderia enumerar muitos privilégios que foram derrubados em prol da igualdade no Brasil, mas vou focar em apenas um, a EDUCAÇÃO SUPERIOR.

 

A educação superior pública era espaço da elite. Pobre não frequentava esses lugares, pois o processo seletivo era exclusivista, nas duas acepções colocadas no inicio do texto.

 

O vestibular era incompatível com o ensino público construído ao longo do aprendizado, o que proporcionava acesso somente àqueles que possuíssem condições de estudar em colégios particulares e de frequentar cursos de pré-vestibular. O pobre só podia contar com seu esforço e dedicação já que não estava em escolas de excelência e nem tinha condições de bancar financeiramente os cursinhos. Quando conquistava esses espaços com seu próprio esforço virava matéria de jornal, paradigma para seus semelhantes, que deveriam se espelhar nas exceções fabricadas. Mais uma maneira de exclusão.

 

Com o Governo Lula veio os incentivos educacionais. O ENEM foi democratizado, proporcionando o acesso ao ensino superior através do Sisu. As cotas sociais chegaram para proporcionar acesso diferenciado àqueles que eram desiguais na formação básica. PROUNI que concedeu bolsas de estudo integrais em Universidades particulares, e o FIES que no ano de 2016 beneficiou os que tinham renda menor, concedendo bolsas maiores e garantindo os contratos daqueles que possuíam renda de até um salário mínimo.

 

Quem poderia imaginar que um cidadão, com salário de oitocentos e oitenta reais por mês conseguiria cursar uma faculdade de biomedicina que custa mil e duzentos reais por mês?

 

Nos governos anteriores isso seria impossível, porque o Fundo de Financiamento estudantil, que já existia na época de FHC, por exemplo, não concederia financiamento para um cidadão com essa característica financeira. Seria considerado inapto para o cumprimento do contrato ao final do curso e início da vida profissional.

 

O que aconteceu no momento de aplicação dessas políticas públicas de educação superior?

 

Os privilegiados começaram a se sentir invadidos, porque o povão passou a frequentar os mesmos espaços que eles. Nas Universidades Federais passaram a transitar brasileiros pobres, pretos, pardos, indígenas, travestis, transexuais, lésbicas, gays, etc. Todos aqueles que eram excluídos das políticas públicas passaram a ter acesso a elas e isso não agradou o pessoal da exclusividade.

 

Esta “invasão” social causou um desconforto tão grande que logo surgiram vozes contrárias as políticas implementadas. Frases de efeito com o objetivo de manter a exclusividade dos espaços brotaram dos rincões preconceituosos escondidos no íntimo de cada pessoa que se sentiu invadida.

 

“Vai acabar com a excelência do ensino público superior; todos são iguais perante a lei; isso é preconceito às avessas; quem não teve um ensino básico de excelência não tem condições de cursar o ensino superior; eu não vou me consultar com um médico que se formou pelas cotas; cadê a meritocracia?

 

Muita coisa absurda foi dita quando da abertura dos espaços públicos. Isso reflete o grau de exclusividade em que o Brasil estava imerso.

 

Os campos privados também foram escancarados e muita gente pôde realizar o sonho do ensino superior. Locais exclusivos privados passaram a receber pessoas de todos os tipos em suas dependências. Onde só havia brancos ricos frequentando, passou a ter pobres pretos e pardos, miscigenando os locais, deixando mais a cara do Brasil.

 

Os responsáveis por isso foram PROUNI e FIES, que democratizaram o ensino superior privado. Muita gente se formou e exerce a profissão graças a essa política pública de democratização do ensino.

 

Junto com a política de democratização do ensino superior veio outras políticas acessórias, com o objetivo de efetivar o acesso aos estudos para aqueles que não tinham condições financeiras de manter a frequência nas aulas por causa da falta de dinheiro, por exemplo, para a passagem do ônibus.

 

Na Cidade do Rio de Janeiro existe o Riocard universitário, que proporciona ao estudante de ensino superior pobre, seja estudante de universidade pública ou privada acessada pelo PROUNI ou FIES, o direito a quatro viagens em ônibus municipais. O que facilita a efetivação da politica de acesso ao ensino superior, que restaria vazia não fosse essa complementação.

 

Do que adiantaria o acesso ao ensino superior se não houvesse condições de frequentá-lo todos os dias por falta de dinheiro para pagar a passagem?

 

Todas as políticas aqui citadas foram implementadas ou melhoradas durante o governo Lula e  os seus efeitos continuam através do Governo Dilma e faz parte de um projeto de governo de acesso aos bens públicos a todos os brasileiros.

 

Tudo isso tem fomentado críticas ao sistema implementado vindo de parte da população que não se conforma com a perda dos espaços exclusivos.

 

Não fosse só isso, as políticas públicas desenvolvidas pelo atual governo começadas no governo Lula provocou uma polarização que se acirrou e hoje vemos o resultado.

 

Coxinhas versus petralha, onde coxinha é aquele que perdeu seus espaços exclusivos e petralha aquele que acessou esses espaços tornando-os democráticos.

 

Não vou discutir neste texto os aspectos atuais dessa polarização, entretanto uma coisa fica evidente, a democratização dos espaços públicos proporcionadas pelo governo do PT causou uma insatisfação tão grande naqueles que tinham esses espaços como exclusivos que fez com que sentimentos de mágoa motivados pela perda desses espaços se transformassem em violência e agressão. Tal qual um garotinho que tem seu carrinho de estimação compartilhado impositivamente pela mãe ao filho da empregada, que teve que levar o filho para o trabalho porque a creche cancelou as aulas pois haveria uma operação policial na comunidade onde ela reside.

 

Quem nunca ficou p. da vida quando a mãe disse, empresta o brinquedo pra ele?

 

É disso que se trata, metaforicamente.

 

Até breve!

 
 

A outra face da moeda

18/02/2016 15:33

 

Todos os dias ele perdia tempo precioso de vida na frente do computador. Gostava de redes sociais e discutia muito sobre direito e sociedade. Tinha o ensino fundamental incompleto, mas achava-se a última bolacha do pacote em matéria de segurança pública e direito penal. Era a favor da legalização do porte de arma para cidadãos de bem e pena de morte para bandido. Seu ditado popular preferido era bandido bom é bandido morto. Tinha um prazer extraordinário em compartilhar notícias desumanas, principalmente relacionadas a vinganças sociais e prisões arbitrárias. Ficou feliz da vida quando sua postagem exaltando a morte de um adolescente infrator que havia sido linchado e amarrado ao poste por ter furtado uma bolsa de uma cidadã de bem teve recorde de curtidas e compartilhamentos em sua página. Daí por diante passou a se empenhar em todo tipo de publicação que exaltasse a vingança privada contra aqueles que vivessem a margem da sociedade.

 

Naquele dia postou no seu perfil. “A direita vence qualquer batalha contra a esquerdopatia que se arvora em nosso país”. E a última página visitada em sua rede social foi a do “Calçonaro”, onde escreveu em uma postagem em que o parlamentar criticava o ensino de educação sexual nas escolas do país, “Esse é nosso Presidente”. Segundo o parlamentar a esquerda brasileira quer transformar nossas crianças em objetos sexuais de pedófilos e a família de bem não poderia permitir.

 

Era um jovem de trinta e cinco anos. Trabalhava desde pequeno. Começou fazendo carreto em porta de supermercado. Não conseguiu completar os estudos porque o pai largou a mãe com seis filhos. Como ele era o segundo mais velho, teve que começar a trabalhar cedo para ajudar nas despesas de casa. Gostava de trabalhar. Era considerado por muitos como exemplo de perseverança. Foi criado em uma comunidade violenta e carente do Rio de Janeiro. Presenciou diversas guerras na comunidade. Policia contra bandido. Bandido contra bandido. Policia contra morador. Morador contra policia. Inclusive participou de uma manifestação causada pela morte de uma moradora na porta da própria casa. É aquela história, policia entra atirando e quem morre é o inocente. Cansou de chorar por causa disso. Sabia a dificuldade que era viver sem condições mínimas. Via seus vizinhos sofrerem sem gás, sem pão, sem comida. Cansou de ajudar com os únicos recursos que tinha. Às vezes era o dinheiro da passagem que entrava na roda. Pegava ônibus para o trabalho, ficava pendurado na porta de trás, naquela época podia, e descia sem pagar. O país era bem diferente naquela época. Trabalhava na Tijuca. Era porteiro. Passou a ter contato com pessoas de alta classe. Mudou...

 

Nem toda a dificuldade ou a mínima alteridade fizeram com que ele se tornasse uma pessoa mais compreensiva com os menos favorecidos. O que é muito estranho, porque sentiu na pele toda as mazelas da exclusão e preconceito. 

Hoje ele está preso. Achou que nunca seria. Acreditava que era cidadão de bem. Um dia o marido de uma faxineira que trabalhava no prédio em que ele era porteiro foi tomar satisfações. Viu um recado dele no whatsapp da mulher e achou estranho. Queria saber o que estava acontecendo. Ele se antecipou e quando estava saindo com o carro atropelou o marido da faxineira. Testemunhas disseram que ele jogou o carro em cima do cara. Queria matá-lo. Detido por dois policiais que passavam pela rua Barão do Bom Retiro, foi encaminhado para a delegacia e hoje seu endereço é Bangu. Pediu liberdade provisória. Negado. Impetrou Habeas Corpus. Negado. Espera julgamento preso e sabe-se lá quando ocorrerá a sessão.

 

Sufocado por vozes que ecoam em sua mente, não cansa de ouvir que bandido bom é bandido morto, só que agora parece que ele não acredita mais nessa sentença. Prefere crer que Deus saberá fazer a diferenciação entre ele e o resto da população carcerária. Isso prova que mesmo diante de toda a experiência vivida, seu narcisismo ainda prefere acreditar que é a última bolacha do pacote.

 
 

NOTA DE PESAR

16/02/2016 12:42

Todos os dias eu a via saindo pelos corredores do prédio com um saco de lixo na mão. Caminhava tranquilamente como quem vai à igreja, mas estava indo jogar o lixo na lixeira. Fazia isso, religiosamente, todos os dias.

 

Parecia ter uma saúde de ferro, apesar da idade avançada. Aparentava 70 anos, mas deveria ter uns 60, cuidava do marido doente, que mancava de uma perna e tinha um braço imobilizado.

 

Todos os dias em que o sol aparecia, eu encontrava esse casal caminhando pelo condomínio. Ela na frente, como quem abre a trincheira e ele atrás como quem marca os passos na clareira aberta pela companheira.

 

Vem! Dizia ela, incentivando a movimentação do marido, como quem incentiva um atleta a continuar seu treinamento diário, no caso deles era para o marido não enferrujar, já que pela aparência dele, as articulações se comprometiam com o passar do tempo.

 

Ela não. Sempre célere, sempre ativa, no combate, viva, presente, companheira.

 

Moravam só os dois em um apartamento de dois quartos no primeiro andar. Janelas sempre fechadas a noite, sem aparelhos de ar condicionado instalado. Não sei como aguentavam o calor.

 

Vez em quando apareciam uns filhos o que trazia alegria e festa para o casal.

 

Ela sempre atenta, vez em quando aparecia do lado de fora para ver o que estava acontecendo quando gritos ecoavam no prédio. Era um casal brigando, mãe discutindo com filho, criança chorando.

 

Uma vez apareceu o conselho Tutelar aqui em casa. Disseram que uma denúncia anônima havia dito que uma criança estava sendo espancada. Meu filho chorava muito todas as vezes que tinha que ir para o banho. Tenho certeza que foi ela.

 

Fiz todo o procedimento burocrático para provar que a denúncia era equivocada. Não fiquei com raiva dela, até porque eu poderia estar enganado.

 

Na reunião de condomínio ela sempre estava lá, sentadinha com o marido, deveria ser um evento magnífico para ela, pois estava sempre com um sorriso no rosto.

 

Passava por ela, me dava bom dia, um cumprimento vivo, ela tinha muita vida.

 

O marido dela faleceu tem uns quatro meses. Não vi dor em seu semblante, não ouvi choro, nada. Parecia que a vida seguia seu fluxo inexorável tranquilamente.

 

Um mês depois a vi totalmente diferente. Aquela senhora corajosa, viva, altiva, se transformou em um ser raquítico, corcunda, lenta. Envelheceu trinta anos em um mês.

 

Tinha ao lado uma acompanhante que fazia com ela o que ela fazia com o marido: incentivava a continuação da vida, que pra ela, talvez, não fizesse mais sentido sem o marido para ela cuidar.

 

Talvez o envelhecimento acelere quando não há mais desejo de viver. A existência se abrevia e no fim cessa. A chama se apaga, a alma se esvai.

 

Não acreditei que todo aquele vigor pudesse se dissipar em trinta dias, como aconteceu.

 

Dois meses se passaram e não a vejo mais pelo condomínio. A janela de seu apartamento permanece fechada dia e noite. Acredito que ela tenha ido de vez. Foi ao encontro de seu marido, e quem sabe ser feliz para sempre ao seu lado. 

 

Uma coisa é certa, cumpriu seu dever até o fim, abriu mão de envelhecer no tempo certo para cuidar do companheiro, e uma vez atingido seu intento, permitiu-se sofrer a incidência do tempo na própria carne, cumprindo com o ciclo da vida. 

 

Adeus senhora!

 
 
 
 

Níveis de Consciência

23/08/2015 13:24

Os níveis espirituais… Consciência.

 

Quando falamos em níveis espirituais a primeira coisa que vem a cabeça é transcendência da alma, vida pós morte, reencarnação e coisa e tal. Mas podemos ter elevados níveis espirituais aqui mesmo nesta existência, sem precisar passar pelo vale da morte...

 

Quando buscamos evoluir, o que pretendemos é alcançar níveis de consciência mais elevados, nos capacitando a perceber o quanto somos pequenos diante da grandiosidade do Universo. Explorar nossa percepção é fator primordial para alcançarmos níveis melhores. Para tanto é necessário muito empenho e dedicação. Travamos uma luta com nosso Ego e o comodismo que ele nos impõe. Portanto, se você não é um filho que não foge a luta, não conseguirá alcançar esses níveis espirituais elevados, que como um jardim, deve ser cultivado para florescer.  A boa consciência é uma rara flor que merece cuidado, dedicação e paciência quanto aos resultados.

 

Agora uma alegoria... imagine que chegamos ao mundo em um nível de consciência tão primitivo que nosso maior objetivo é sobreviver custe o que custar, tal como uma barbárie demostrada por Hobbes em seu Leviatã. Avançamos com estímulos até que nos consideramos aptos a sociabilidade e acreditando que este é o objetivo paramos de evoluir. Mas há níveis mais elaborados necessitando serem descobertos dentro de nós.

 

Vamos pela via musical... Começamos a vida ouvindo e curtindo galinha pintadinha, depois passamos a curtir Annita e suas comadres, logo após Marisa Monte torna-se o ápice da evolução até que, se buscarmos mais acima, poderemos nos deliciar com uma Maria Bethânia. Quase um Nirvana...

 

É claro que muitos são rebeldes e as bandas de rock serão evoluções dentro desse paradigma fechado de rebeldia, e a evolução partirá de um Jota Quest e culminará em um Titãs, ou quem sabe uma Legião Urbana. 

 

Se nosso espírito consegue saborear musica clássica tenho certeza que o nível é supremo...

 

O que não poderemos perder de vista é que sempre haverá níveis mais altos e nunca devemos nos acomodar nos lugares onde nos sentimos confortáveis. 

Efeitos do encontro

26/06/2015 15:45

O encontro é modificador. Ele abre janelas para novos horizontes. Cada encontro é um mundo de possibilidades. O que não ocorre quando nos isolamos. O isolamento produz eco de nossos próprios pensamentos, o encontro não! 

 

Pelo encontro é possível rever pontos de vistas, clarear idéias obscurecidas, amolecer conceitos concretizados, com uma simples escuta do outro. O outro pode nos trazer aquilo que não conseguimos enxergar sozinhos. O outro, desde que você se permita escutá-lo, pode colocar diante de nossos olhos outra versão de mundo que até então não tínhamos percebido devido ao eco que só reproduz nossas próprias idéias. 

 

Um encontro pode proporcionar muito mais do que imaginamos...

 

Ontem tive a oportunidade de encontrar uma pessoa muito querida, que não via há muito tempo, e desse encontro, um mundo de possibilidades se abriu a minha frente.

 

Essa magia do encontro pode acontecer até com aqueles que encontramos todos os dias, porque todos os dias uma novidade pode se apresentar diante de nossos olhos, basta que para isso estejamos atentos, com os ouvidos abertos, prontos para escutar.

 

O problema é que na maioria das vezes estamos mais preocupados em falar. Falamos mais do que escutamos, mesmo que a proporção seja determinada no próprio organismo, já que naturalmente temos dois ouvidos e uma boca. 

 

O encontro, e quando falo de encontro estou falando do encontro cara a cara, ao vivo, desses que não estamos mais dispostos a experimentar devido as "evoluções das redes sociais", pode nos trazer até boa saúde, já que o sangue ferve seja nos encontros felizes e até mesmo nos tristes. A circulação sanguínea merece essa agitação. 

 

As redes sociais tem estimulado poucos encontros reais, já que de casa ou do trabalho, até mesmo da rua, podemos nos relacionar com o mundo, estando em um único lugar. É um disparate o que acabei de falar já que os encontros virtuais não têm a mesma qualidade e não proporcionam as mesmas possibilidades dos encontros reais, porque na maioria das vezes estamos falando sozinhos. Mesmo escrevendo para alguém, ao ler o que o outro escreveu, lemos de acordo com nossa história, nossas marcas, ou seja, nossa intenção e interpretação, o que não ocorreria se o encontro fosse real, com o outro real.

 

O outro real traz para o encontro suas próprias marcas, sua própria história, suas intenções, emoções, sentimentos, que nunca será percebida, ou entendida, pela escrita, quando lemos. Porque o que lemos é nosso. Na trilha marcada pela escrita do outro os passos são nossos. Nesse sentido o sentido é de quem lê e não de quem escreve. Isso é natural e consequência da linguagem que não consegue dizer tudo quando necessitamos dizer algo. Por isso os equívocos, principalmente nas redes sociais em que nos manifestamos pela escrita, onde a leitura e revisão do que se escreve, quase não se faz. Sem falar no corretor ortográfico...

 

Escrevo tudo isso para dizer que o encontro real com o outro real é quase que uma necessidade para a evolução do sujeito, da cultura, do mundo. Isolarmos-nos em nossa casquinha de noz não nos protege, apenas nos definha enquanto seres de linguagem, por que não há diálogo possível com nosso eco, e consequentemente, não há oxigenação de nossas idéias e de nossas concepções e crenças. Se permitir escutar o outro e mudar conceitos pelo contato com o outro torna-se um excelente combustível para o crescimento pessoal e coletivo.

 

Leonardo Limax - Junho 2015.

A vida sempre surpreende

14/12/2014 21:11

Ao lado do meu condomínio tem uma favela. Não que meu condomínio não seja uma. Mas o caso não é esse. Desta comunidade escuto de tudo, principalmente na madrugada. Gritos! Ontem por exemplo, por volta de uma hora da madrugada, uma criança gritava desesperadamente. Meu prédio inteiro foi a janela ver o que se passava. Ninguém entendeu nada. Parecia pesadelo em que a pessoa grita desesperadamente e não para. Tipo estado de choque? Dessa comunidade escutamos diversos tipos de funk. É o estilo musical predominante. Não que isso tenha relação com o grito que mencionei, longe disso. Nem sei porque fiz essa associação. Bom... Enfim! Outro dia, lá pelas duas da madrugada escutei um casal trepando. Sabe o barulho do encontro dos corpos? Dava para escutar de longe. Fui a janela da cozinha e vi o casal em pé no terraço. Sério! Despudoradamente trepando! Também não era isso que queria falar... Acontece que ao tentar escrever sou tomado de diversas recordações, tal como uma associação livre? Na verdade, queria dizer sobre o gosto musical dos habitantes desta comunidade. Semana passada, domingo, o som do charme melody não deixou ninguém dormir. Passava da meia noite e o som rolando. Nem deu para ver o fantástico direito. Ou eu aumentava o som da televisão ou não conseguia ouvir a voz dos apresentadores. Hoje, ainda agora, fui surpreendido por vozes de crianças cantando a música do Gilberto Gil, PALCO. Cantavam como quem sabe muito bem o que estão cantando. "trago a minha banda, só quem sabe onde é Luanda, saberá me dar valor, dar valor". Pensei: A vida sempre surpreende!

 

 

Em manutenção...

14/10/2014 09:47

Informamos que estamos em processo de manutenção das ideias. Pensando novas possibilidades. Revendo nossos posicionamentos. Refletindo o presente para tentar melhorar no futuro. Até breve!!

 

Mundo tenebroso

29/09/2014 11:55

Sigo nesse meu mundo tenebroso, solitário e esperançoso de numa dessas curvas que a vida nos proporciona, avistar o que de mais genuíno há em meu ser, para que, subjetivando minhas impressões, possa dar um novo sentido, uma nova perspectiva, um novo olhar para o que era , e que agora, será outra possibilidade. Sem que eu saiba de antemão o que possa ser. Desde que sendo, possa dizer logo depois que fui, e nunca que serei. Assim tiro proveito do lado obscuro da vida iluminando os cantos apagados de minha existência.

 

 

 

AS profundezas de mim mesmo

28/09/2014 18:59

Caí em um buraco negro, e desde então ando a explorar as profundezas de mim mesmo. E a cada passo no escuro, tateando a experiência, depurando o medo que faz barreira, sigo caminhando. Apesar das pernas bambas, tento me manter de pé, porque só assim os passos se encadeiam, e o percurso se delineia. Esta caverna em que habito nestes tempos, este labirinto profundo para o qual fui sugado, esta terra desértica e seca e fria, me faz perceber que por mais que tentemos viver sob o manto imaginário, sob a ótica colorida do faz de conta, no fundo, no profundo de todos nós o que realmente existe é a solidão e o desespero de não dominar os acontecimentos da vida, muito menos da morte. Por isso o refúgio as drogas, a religião, as ideologias, que são, tão somente, cobertores para aquecer o frio que nos desespera.

 

 

 

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