Cinco Lições de Psicanálise

24/05/2014 19:49

Lição 01 – HISTERIA

Os sintomas mais comuns em uma clínica psicanalítica são os sintomas histéricos. Uma falta que angustia, que não se sabe o que é, mais que ao mesmo tempo é tudo. 

A ideia prazerosa que se torna traumática quando reprimida causa dissociação. 

De um lado o afeto circulando livremente pelo corpo buscando satisfação pode ser descarregado no corpo causando todo tipo de dor, paralisias, etc.

De outro a imagem que esquecida torna o afeto sem sentido. Por isso o não saber da falta.

O corpo histérico fala por si, por isso a necessidade de tatuagens, piercings e todo tipo de apetrecho. Para que? Para dizer o que o sujeito não consegue dizer com a fala, pois que recalcado.

O histérico fala não só pelos cotovelos, mas por todas as partes do corpo, que é elétrico e dá choque.



Lição 02 – LEMBRANÇAS CONSCIENTES E INCONSCIENTES OU O EGO E O ID


Com a divisão da consciência, de um lado o recalcado que será esquecido e do outro as lembranças conscientes. 

Id e Ego se apresentam como duas instâncias atuantes e dotadas de características próprias.

O Ego como a instância que faz as vezes de realidade e que conecta o sujeito ao racional.

O Id como a instância inconsciente onde o recalcado se move pressionando o Ego, buscando satisfação.

No conflito entre essas duas instâncias, cabe ao Ego encontrar uma solução de compromisso dando vazão parcial ao que no Id está recalcado.

Essa vazão geralmente ocorre por um sintoma: nos histéricos uma angústia sem nome ou uma conversão somática, no obsessivo um cerimonial, um ato repetitivo, um pensamento recorrente.

A resistência opera fazendo com que tudo esteja nos conformes; trata-se de uma defesa do Ego, momento em que se gasta muita energia, deixando o sujeito apático, tímido, inibido.

 

Lição 03 - Os sonhos e sua interpretação

Disse Freud que os sonhos são a via régia para o inconsciente, e nesse pé, realização de desejos reprimidos.

Isso quer dizer que é por essa via que o tão falado inconsciente se apresenta ao sujeito, assim como também se apresenta pelos chistes, lapsos, falhas, trocas de nomes; e por essas vias o desejo se realiza.

Isso acontece porque o material reprimido tenta escapar a vigilância do Ego, buscando reconhecimento.

O que se apresenta como imagens do sonho é um conteúdo manifesto que encobre um conteúdo latente.

Tal como um enigma, se coloca à decifração. Trata-se de um rébus, conta-nos Freud.

O que o analista aponta para o sujeito em análise é uma possível decifração desse enigma que será ou não ratificada pelo analisante.

O material onírico, tal como a metáfora, condensa aquilo que é da ordem do insuportável que se dá a conhecer sem a incidência da resistência, e nesse objetivo desloca-se o conteúdo tal como a metonímia, pois que o desejo é de desejo.

O analista agarra o fio dessa metáfora e dessa metonímia, e estimulando a associação livre do paciente desenrola esse novelo de linha.

Por essa via chega-se ao rochedo. É nesse momento que o analisante se depara com sua falta, motor de seu desejo, que a partir dessa paisagem avança um pouco mais na busca de seus sonhos, construídos a partir de então.

 

Lição 04 - A Etiologia sexual das doenças neuróticas e a sexualidade infantil

Freud, nos três ensaios sobre a teoria da sexualidade, revelou ao mundo que a criança possui, desde o princípio, a pulsão e as atividades sexuais. E que a intensidade dessa experiência sexual poderia causar um trauma e o desenrolar de uma sintomatologia neurótica.

Inicialmente o autoerotismo que configura um narcisismo primário onde a pulsão em um estágio inicial demarca os pontos de prazer. É autoerotismo porque o prazer está situado em relação ao próprio corpo e não a um outro.

As zonas erógenas intensificam a pulsão que busca a satisfação que será sempre parcial. Em cada parte do corpo estimulada uma centelha da pulsão que tende a se unificar na fase genital, que vai culminar com a escolha de objetos onde essa pulsão será investida em tom de libido.

Ao reprimir uma experiência intensa de prazer, por uma incapacidade de mediação do Ego, a repressão instaura-se como uma defesa, preservando a estabilidade em troca de um sintoma qualquer.
Daí se afirmar que a doença neurótica inicia-se por um trauma nessa experiência infantil com o prazer.

Para não mais sentir o que sentiu, por não saber o de que se trata, o sujeito recalca a ideia prazerosa, e essa marca determina o ponto onde o sujeito não avança psiquicamente.

Uma fronteira se estabelece exigindo que o sujeito enfrente esse nódulo inamistoso, mas como o sujeito não tem consciência do de que se trata, paralisa. E repete todas as vezes que momentos semelhantes se apresentem.

Daí a insatisfação que acomete a todos.

Uma maneira de se livrar dessa a(u)tuação que se estabelece na fronteira, e obter uma permissão de passagem ao novo campo, é necessário falar livremente a um sujeito que deverá pontuar aquilo que de tão incongruente na lógica secular subverte-a realçando o desejo que só assim se revela.

E reconhecendo esse desejo, haverá a permissão de passagem, um passaporte que nos levará a novos rumos.

 

Lição 05 - Transferência como motor da análise e Sublimação

A transferência é a mola propulsora de uma análise, porque o analisando consagra ao analista uma série de sentimentos afetuosos, mesclados muitas vezes de hostilidade, que fazem atualizar no setting psicanalítico a trama responsável pelos sintomas.

Uma vez que o analisando transfere ao analista estes sentimentos o (a) tra(u)ma pode ser revivido, e em ato o analista pode pontuar o nó existente no discurso do analisando possibilitando o desate.

A transferência é de amor e quando muito intensa pode fazer surgir a resistência que impossibilita a abordagem do recalcado. 

Não é raro a histérica se ver amando seu analista. Quem a histérica ama?

A divisão da consciência que destina a ideia insuportável ao recalcado, ao esquecimento, faz com que o analisando não se dê conta que esse amor é uma atualização de uma completude que supostamente existiu e que foi interrompida.

Uma possibilidade que o recalcado encontra para vencer a resistência é pela sublimação. A energia sexual recalcada encontra uma solução na luta pela vida. 

A arte e as boas ações da vida são exemplos de sublimação. 

O poeta que encontra nas palavras possibilidades de dizer daquilo que é indizível; o escultor que desembrulha da pedra a imagem de suas ideias; o ator que dá vida com o próprio corpo a uma personagem que habita suas mais intimas sensações.

A sublimação é uma satisfação direta dos desejos libidinais sem que o recalque opere, pois que as ações que se apresentam ao mundo são aceitáveis socialmente.

Não sem motivos, o perverso que sente desejo em cortar carnes ou corpos, e que poderia se tornar um assassino, poderá desviar sua libido para uma ação aceitável socialmente; torna-se magarefe ou cirurgião.

Meu nome é Leonardo e faço parte de uma instituição psicanalítica que se dedica aos estudos de Freud e Lacan.
Se você se interessa pelo tema, quero lhe dizer que estamos com inscrições abertas para o curso introdutório de Psicanálise e, além disso, com diversos grupos de estudos e pesquisas em Psicanálise.

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